Zine ZerØ ZerØ

Zine ØØ:
 Editorial de Maio/Junho! 

    Pelo DJ True Groovy (cara, valeu muito!) cheguei à algumas conclusões sobre "cocotas" e as reús dos Blacks do 60/70. Muuuitôô Groooovy!!


    Para ficar bem claro: o Poeta Xandu não viveu as noites e modas dos anos 70, mas do meio de 80 pra frente - peguei uma boa herança de gang de rua, break e baile funk. Nunca tinha ouvido falar dos "bailes dos cocotas" - só no filme Cidade de Deus que escutei isso. E fiquei meio curioso de saber... Também, quase ninguém fala, só os Old School dos bailes mermo. E nem explicam nada, porque pra eles é natural saber disso.




    Então, "inventei" que poderia ser baile com música "Disco". Essa categoria é mais conhecida pelo filme Embalos de Sábado à Noite, com John Travolta, lá nos 80 - que isso pra mim foi uma das modas que ainda resistiam da época anterior. Mas num tinha nome de cocota, pra mim não. Achei que poderia ser isso.

    Deduzi essa conclusão, por quê? Por ser um som que toca até hoje, nos bailes de quinze anos, nos bailes de casamento - aquela hora pra geral "soltar as frangas" - franga é um dos significados mais comuns, pra traduzir cocota, em francês é cocquette.

    Outra, foi a galera pesquisadora, que cataram os depoimentos de quem esteve na raiz do baile Charme. Dizem estes: atribui-se a queda do Soul Music, a queda do James Brown, ao cansaço disso principalmente, mas também por ter surgido um som novo: o som Disco, a "Era Disco" das boates. Isso era dançado meio liberadinho, rebolante... Não que fosse gay, mas... Boite? É caixa. Num sei se é a caixa de som, ou o ambiente fechado - a discoteque. Muito francês nisso.

    Esse som, Disco, se chamava assim por conta dos TOCA-DISCOS, as vitrolas, que ficaram mais baratas nessa época - e também os top de linha mais sofisticados, um som mais apurado, um luxo. O aparelho de som era chamado Hi Fi, que significa Alta Fidelidade, em inglês abreviado, e o detalhe passou a ser o som "estéreo", e ainda chegou o efeito "Dolby". Então, aquele som apurado, tocado dentro de um lugar fechado, com pouca luz - era uma Dicoteca, ou discoteque. E dançado daquele jeito, "soltando as frangas" na Disco Music - achei que era coisa de cocota. Mas estava enganado.




    Nessa de cocotagem, disseram que a música Disco roubou meu LP do James Brown... Então fui pesquisar mais, pra saber do funk em geral. Li um Artigo sobre o tema: Soul brasileiro e funk carioca, do Carlos Palombini (professor na UFMG). Ali está escrito que "A maioria dos autores..." afirma que os bailes Black, ou funk, caíram "por uma combinação de fatores:"

    1- Uma reportagem da Lena Frias, que teria zuado com os black;
    2- A reação nacionalista a favor do samba;
    3- A chegada da Era Disco.


PALOMBINI, Carlos. Soul brasileiro e funk carioca. Opus, Goiânia, v. 15, n. 1, p. 37-61, jun. 2009.
Disponível na internet: http://www.anppom.com.br/opus/opus15/103/103-Palombini.htm





    É isso. Fiquei curioso e fui ler o que a reporter Lena Frias escreveu. Na real, nem sabia que era negativo esse artigo de jornal - li e achei algumas observações muito boas! Existe sim um clima de perseguição de cor, de racismo, mas também é um registro que achei bem válido. Pelas perguntas, pelo ambiente da época, que quase não vejo por aí. Assim, escrito não. E li isso na foto pequena, na letra miúda! rss Essa eu devo total ao post "Arquivo Movimento Soul Power no Rio" - estudo da coleção DJ True Groovy - Vale conferir!

    Melhor: nessa reportagem encontrei o que era um baile de Cocota!

   No próximo capítulo o ZineZeroZero te apresenta...
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