Zine ZerØ ZerØ

Zine ØØ:
 Editorial de Ano Novo!

 2011, ano igual a 2010: break e luta! 

B.Boyz pela Consciência Negra:

   O que fizemos? Fizemos o "Break e Consciência Negra" - evento que aconteceu numa Quinta-feira [dia 2 DEZ] na Escola Mun. Alberto Sampaio, na Pavuna. Essa foi a NOSSA intervenção pelo mês da Consciência Negra. Os B.Boyz Do Gueto e Delícia me chamaram pra participar desse dia, no projeto Mais Educação. É o "Gentileza Gera Gentileza", na batuta da professora de Artes, Walkíria Santos, junto com o professor Luís Bruno e Tadeu Lobo. Clássico.

Na foto: professora Walquíria.


   O Hip Hop - como explicar? Poeta Xandu levou alguns conceitos básicos para entender o Hip Hop. Não foi de Bronx, nem Zulu Nation, nem Rock Steady. Como a turma era bem criança, com alguns adols também novinhos, preferi outra entrada. Levei uns desenhos sobre cultura negra, uns com samba, outros com Hip Hop, com os elementos bem representados pra poder começar. Falei do Hip Hop na sua origem na cultura de massas, como chegou por aqui. Ou seja: falei principalmente sobre a influência da TV, mas hoje em dia vai internet também. Isso é bem atual.

Na foto: Poeta Xandu

   A beleza que é mostrada na TV, faz a moda. Essa "modinha" é uma energia viva, mesmo no pior do consumo. Cultura de massas como energia viva é isso: a gente se apaixona! As meninas querem ver-amar os astros da TV, os meninos esperam ter lindos sonhos com elas: as gatas da TV. E consumir tênis, roupas, tudo. Mas no Break esse é apenas o primeiro contato, depois vamos aprendendo, conhecendo pessoas inteligentes, movidas à hip hop. Os fundamentos do break e da negritude só chegam com dedicação, estudo e compromisso.

Na foto: alunos interessados!

   Daí, foi vez de falar de Zumbi dos Palmares - não está na TV. Livros de história? muito pouco. Precisa ler Charles Oser e Paulo Funari. Agora, uma parte da África ficou... Passei um dia com B.Boy Pluto e Guetos Crew, no morro do Girassol (Colubandê em São Gonçalo).

Na foto: B.Boy Delícia na produça

Ô Girassol Hip Hop, que dia! A cultura está na fala, na gíria, na religião, na geografia - colubandê e girassol são nomes ligados a cultura banto-africana! Expliquei isso e passei pra turma: a vibe das crews, o Hip Hop interessado no "afro", nossos b.boyz palmarinos pelo Grande Rio. Guerreiros breakerz de Palmares!

   Quilombo de Palmares. O que foi isso? O quilombo é 1 conjunto de aldeias, formadas por pessoas que fugiram do chicote, que teve uma cultura africana - junto de outras culturas. Culturas por resistência, autonomia e liberdade!

Na foto: Do Gueto e História do Break

   Os mocambos (aldeias fortificadas) abrigavam pessoas das três "raças". Só pelos nomes: os mocambos Zumbi, Alquetene, Andalaquituxe, eram nomes africanos, em língua Bântu. Subupira e Taboca - em língua tupi, de índio. Mocambo Amaro, em língua portuguesa. A capital era Macaco - palavra que pode ser africana, ou em português mesmo. Palmares foi quilombo pra muitos! Cairam todos no cerco do Capitão Jorge Velho [20/nov/1695], que pode ter sido um cara meio indígena. Achou enrolado?? É. Lancei essa bola.



Na foto: batizado na capoeira!

   A professora Walkiria matou no peito e levantou na área para falar de exemplos reais. Discriminação: doi, magoa, machuca. Botou um vídeo sobre uma moça negra - queria ser médica, mas um colega riu dela. Wal tb passou por vários abusos assim, até no trabalho. B.Boy Do Gueto emendou com um exemplo seu: no banco. Seguranças na cola dele; parou e explicou ao guarda o significado do preconceito. A perseguição a sua pessoa, um suspeito, mas não era para ser. Era sua pele negra, seu boné - um garoto normal. Racismo é questão delicada, atual.







   Muita gente acha que branco não discrimina branco: os judeus alemães eram de qual cor? Basta ser pobre e logo pega apelido e fama ruim. Também se aprende: isso vira o racismo de família! "Menino, precisa casar com uma branquinha - melhorar a raça!" Sua mãe diz isso? Muitas dizem. É pobre, está fora da moda, beiço farto e carapinha, não parece ninguém da TV. Isso dá cerco na pessoa, é discriminação. Se ficar revoltado? Vai justificar ladrão? Alguém ainda diz: só podia ser preto! Mas aqui, irmãozinho, aqui não é assim não! Chega junto!


Footwork: B.Boy DoGueto manda! e aluno segue!!
   Cabeça firme, inteligência e boas amizades. B.Boy Do Gueto passou um filme. O tema era "polícia-pega-ladrão", uma brincadeira infantil, mostrada em correria pela favela. B.Boy Do Gueto novamente se revelou um bom professor, botando "moral da história": garotos de favelas quando estão brincando, se divertindo, não aparecem na TV. Todos que olharam o vídeo logo pensaram: "são os bandidos", etc etc. Eram os meninos brincando. Batemos um bolão sobre racismo!


Na foto: B.Boy Neguin!



   Daí, com a participação do professor de percussão, André também falou rosado, o professor Tadeu, B.Boy Delícia - sabe o que acontece quando junta gente de peso? Debate. Falamos da escola do futuro. Um lugar de sabedoria, pra conversar sobre tudo. Mate com Angu VS. Manga com Leite. Póbrema VS Problemas. Quem é de lá sabe.










   Quer saber? Não faltou movimento. Teve Capoeira, na primeira oficina. E o Break, na coreografia dos B.Boy Delícia e Do Gueto. Na mostra foi: metade no passo ensaiado, outra parte de freestyle - com a participação do B.Boy Max, B.Boy Neguin, e dos alunos! Faltou o B.Boy Will... Distribuimos cópias de história do break, que Do Gueto arrumou - assim fechamos. Na cara do gol, foi só chutar! Grande dia esse!

   Viva Zumbi! São os B.Boyz reconstruindo os quilombos!

   No próximo capítulo o ZineZeroZero te apresenta o 7º Circulando!
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