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Coreografia e B.Boying - parte 2
Esta é uma compilação que parte da análise realizada por Maxwell Sandeer Flôr no estudo do Street Dance. Sua base material foram imagens coletadas nos festivais: Unesc em Dança (Criciúma), Encontro Floripa de Dança de Rua (Florianópolis), Duplo Balanço (Criciúma) e Festival de Dança de Joinville – fílmes em vídeo do ano de 2006, realizados em Santa Catarina.
*2ª Parte. Bom proveito - Poeta Xandu ! ;)
Obra:
FLÔR, Maxwell Sandeer. O corpo intérprete e o corpo em performance no Street Dance. PGDCC/Universidade Gama Filho, Porto Alegre, 2007.
Maxwell Flôr se apoia no método “Teatro do Movimento” para realizar sua análise sobre o meio audiovisual estudado, revelando o corpo humano como intérprete e performance. Faz uma reflexão sobre o ato de criar e/ou ato de coreografar uma seqüência em dança, que é objeto de estudo de um coreógrafo.
Definições:Intérprete - corpo na reprodução de uma coreografia.
Performance - corpo que traduz e recria esta ação pré-determinada.
Método de Análise na Dança
Lenora Lobo e Cássia Navas, na obra Teatro do Movimento (2003), consideram o corpo um “território vivo, onde se manifesta a arte da dança”. Esta leitura feita por Maxwell Flôr será fundamental na análise do “corpo cênico”, sua construção em beleza, expressão, elasticidade e força. A relação entre o coreógrafo e a equipe, entre os próprios b.boys e entre estes e a plateia – há uma "troca de energias" chamada fluxo.
Componentes Estruturais no corpo em ação.
Congruente é quando todo o corpo realiza o mesmo movimento. Ex: Todo o corpo se abre, se fecha, salta, inclina-se, se agacha.
Isolado é quando uma parte, duas ou mais partes do corpo ou articulações, realizam um movimento distinto.
Simétrico é quando os lados esquerdo e direito realizam o mesmo movimento.
Assimétrico é quando um lado realiza um movimento diferente do outro.
O movimento no espaço cênico.
Físico - é o movimento do corpo independente do espaço externo. É o “desenho” centrado no próprio movimento do corpo.
Espacial - é o movimento em sincronia com o espaço externo, desenhando caminhos espaciais, trajetos de locomoção e liberdade de fluxo.
Central - é o movimento que se origina no tronco e bacia, podendo se projetar para a periferia ou não.
Periférico - é todo o movimento que se origina nas pernas, braços e cabeça, para percorrer depois outro gestual e/ou projeção de espaço.
Enfim, o corpo é um instrumento de comunicação, usa o movimento para expressar a música, e a forma de expressar sentimentos e narrativas fazem parte parte de um “todo cênico”.
Algumas considerações de Maxwell Flôr:
(1)
A definição para entender a performance esta relacionada com a função do tempo e espaço pela qual é composta a arte.
De acordo com Cohem:
"A performance é antes de tudo uma expressão cênica: um quadro sendo exibido para uma platéia não caracteriza uma performance; alguém pintando esse quadro, ao vivo, já poderia caracterizá-la."
"O dançarino de Street Dance em performance se movimenta construindo seu próprio estilo corporal, muitos coreógrafos os denominam de feeling pelos sujeitos dançantes. A performance no momento do “racha” não é reprodutora, mas transformadora. Não é apenas a demonstração da exuberância física, mas a expressão da sensibilidade humana. Neste momento não existem prisioneiros de si mesmos e do mundo, mas de pura liberdade."
Cohen argumenta que,
"O trabalho do artista de performance é basicamente um trabalho humanista, visando libertar o homem de suas amarras condicionantes, e a arte, dos lugares comuns impostos pelo sistema."
As experiências geralmente envolvem um fino equilíbrio entre a capacidade do indivíduo de agir e as oportunidades disponíveis para o ato da performance. Se o “racha” é muito difícil, o dançarino fica frustrado, em seguida desmotivado e mais tarde ansioso. Se o racha é fácil demais em relação às habilidades do dançarino, ele fica relaxado, em seguida entediado. Foi o que percebemos com uma dupla de adultos rachando com os adolescentes no campeonato Duplo Balanço/2006 – Criciúma/SC.
“É mais provável que o profundo envolvimento que estabelece o fluxo ocorra quando a atividade apresenta altos desafios e a pessoa corresponde com altas habilidades”.
De acordo com Cohem:
"A performance é antes de tudo uma expressão cênica: um quadro sendo exibido para uma platéia não caracteriza uma performance; alguém pintando esse quadro, ao vivo, já poderia caracterizá-la."
"O dançarino de Street Dance em performance se movimenta construindo seu próprio estilo corporal, muitos coreógrafos os denominam de feeling pelos sujeitos dançantes. A performance no momento do “racha” não é reprodutora, mas transformadora. Não é apenas a demonstração da exuberância física, mas a expressão da sensibilidade humana. Neste momento não existem prisioneiros de si mesmos e do mundo, mas de pura liberdade."
Cohen argumenta que,
"O trabalho do artista de performance é basicamente um trabalho humanista, visando libertar o homem de suas amarras condicionantes, e a arte, dos lugares comuns impostos pelo sistema."
As experiências geralmente envolvem um fino equilíbrio entre a capacidade do indivíduo de agir e as oportunidades disponíveis para o ato da performance. Se o “racha” é muito difícil, o dançarino fica frustrado, em seguida desmotivado e mais tarde ansioso. Se o racha é fácil demais em relação às habilidades do dançarino, ele fica relaxado, em seguida entediado. Foi o que percebemos com uma dupla de adultos rachando com os adolescentes no campeonato Duplo Balanço/2006 – Criciúma/SC.
“É mais provável que o profundo envolvimento que estabelece o fluxo ocorra quando a atividade apresenta altos desafios e a pessoa corresponde com altas habilidades”.
(2)
Um trabalho de Street Dance cujo processo prioriza a reprodução de movimentos e/ou competição, tem sido muitas vezes considerado superficial e limitado. Com todos os esclarecimentos que hoje temos nos vários campos bibliográficos, fazer desta dança um espaço cênico de repetição e exibição seria reduzir o dançarino à condição de um objeto e contextualizar a arte apenas como uma cópia, um xerox do dito coreógrafo.
(3)
O dançarino Rafael Fernades Pinheiro, integrante do Grupo União Dança de Rua da UNESC, compôs a coreografia “Mágica da Rua”. No evento Unesc em Dança (2006), o dançarino ao colocar o “extensor” no punho, brinca com a mão como se perdesse o controle dela. Esse ato é um estudo do movimento com a mímica, assimilando um trabalho de dança-teatro, pois o mesmo expressa os movimentos: central e periférico, como um ato de interpretação lúdica.
(4)
O coreógrafo Carlos Nunes do grupo Batida de Rua no Festival de Dança de Joinville (2003) utilizou a criação coletiva com os b.boys. Os dançarinos criaram junto com o coreógrafo um bloco de B.Boying, onde fica evidenciado os movimentos: isolado e central. Segundo o coreógrafo “... os b.boys foram parceiros nesta coreografia...” florescendo um conceito de liberdade de expressão.
(5)
O dançarino Maicon do Grupo Conexão B.Boys Style Crew ao entrar na roda de b.boy na feira da sapatilha no Festival de Dança de Joinville (2006) demonstrou variações de freeze enriquecendo com um dos componentes estruturais do movimento, o “movimento isolado”. O dançarino isola o movimento do tronco e utiliza os membros inferiores trocando sucessivamente de “freeze”.
(6)
A entrada do dançarino Maneca do grupo União Dança de Rua da UNESC explorou a música no qual o DJ escolheu para a competição, sendo que o dançarino interpreta e improvisa com evidência os movimentos de Halem Shake e Woblee. De fato improvisar não é fazer qualquer coisa, necessita de um conhecimento técnico e histórico, é reconhecer esta ligação como manifestação corporal.
(7)
O Street Dance está ligado à necessidade de liberdade de expressão, de sentimentos, desejos e sonhos. Acreditamos que essas expressões são caminhos promissores de representação de experiências vividas em cursos, aulas, coreografias e espetáculos. Vias incorporadas e transmitidas ao movimento consciente e inconscientemente pelo sujeito.
Paulo Freire, educador brasileiro conhecido internacionalmente, pressupõe ações voltadas para a reflexão, para o encontro e comunicação de homens, para o diálogo. Não se dá pela prática bancária, onde o coreógrafo “deposita” no dançarino os blocos coreográficos que ele mesmo elabora ou elaboram para ele; ou ainda, que o coreógrafo-educador deposita no dançarino-educando, como se este fosse incapaz de deixar aflorar a sua própria criatividade.
A ação de apenas seguir uma seqüência de movimentos, na qual muitos artistas da dança chamam de coreografia, é o ato de dominar um conjunto de corpos. A invasão cultural que os coreógrafos decidem muita vezes sozinhos está à frente da conquista da opressão.
Algumas obras utilizadas por Maxwell Flôr:
COHEN, Renato. Performance como Linguagem. 2o ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.
EJARA, Frank; Sô, E. Dança de rua original. Apostila discípulos do ritmo. Festival de Dança de Joinville, 2000.
FLOR, Michel. Street Dance e suas pluralidades. 2006. 61f. Trabalho de Graduação (Disciplina de Metodologia Científica) – Curso de Educação Física, UNESC – Universidade do extremo sul Catarinense, Criciúma, 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 40o ed. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2005.
Lobo, Lenora; Navas, Cássia. Teatro do movimento: um método para o interprete criador. LGE editora: Brasília, 2003.
VARGAS, Soyane. Diferentes linguagens na educação física: Projeto hip hop na escola. Relato de experiência. Revista Digital – Buenos Aires – Ano 10 – No 90 – Novembro de 2005. Disponível em
Sobre o autor:
Maxwell Sandeer Flor é coordenador do Grupo União Dança de Rua, criado em 1999 pelo Setor de Arte e Cultura da Unesc, é coreógrafo na modalidade "Locking Individual" e um dos organizadores do Festioval "Garopaba em Dança".
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