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DF Zulu Breakers e cena Brasília
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Confira abaixo. (clica no Leia Mais!)






Fundada por uma gangue de b-boys de Ceilândia, teve entre seus componentes originais os B.Boyz Rivas DC, X e Sowtto. A DF Zulu Breakers fez história no Distrito Federal - cena mais que sólida no cenário brasileiro. No final dos anos 80, Brasília já não era uma cidade criança. Demonstrava o peso de sua adolescência exigindo um lugar digno na sociedade. A bagagem cultural do punk rock realizou a crítica do fim da ditadura, ao mesmo tempo em que as idealizações sobre os sindicatos comunistas desmoronavam, junto com o muro de Berlim. Nesta proposta, todo o desencanto com os políticos, as tristezas dos torturados, somavam-se aos relatos de vida do Pedreiro Valdemar, que ergueu tantos prédios, mas não tinha casa pra morar. De Che Guevara não se ouviu falar por ali. Nos satélites de Brasília, os filhos de Valdemar curtiam os bailes black. Isso sim, diversão garantida no findi!
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A força da palavra uniu a cena punk ao peso do Hip Hop, com a mensagem direta, sem líricas ou ocultismos elitizados da MPB. Iniciou com clássicos dos questionamentos político-culturais, como Geração Coca-Cola, da Legião Urbana, ou O Concreto Já Rachou, da Plebe Rude e seguiu por outro caminho, mais escuro. Racionais MC’s e Thaíde & DJ Hum passaram por lá e despertaram Câmbio Negro e GOG para o centro deste pioneirismo black-favela. A juventude letrada deu espaço ao consumismo e a favela ganhou sua própria versão dos acontecimentos, independente da opinião dos intelectuais. E GOG não desprezou a facul, foi até lá experimentar desta fonte. E voltou. 

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Cria da terra, candango assumido, X sustenta uma forte noção de compromisso com o entorno, um princípio que casou perfeitamente com a força do Rap – e se espalhou. Foram os passos de X que atualizaram a cena jovem através da banda Câmbio Negro. Desde a voz irada dos linchamentos, os tribunais clandestinos da periferia, até o aconselhamento para os bêbados e drogados – tudo isso apontou para uma tomada cultural. Um baile alternativo, uma cultura para uma juventude ativa e marginal. Genival Oliveira Gonçalves, outro B-Boy candango, descobriu no Guará o melhor das favelas: batia aquela bola nos campinhos, a pipa solta no ar e o mergulho na black music. Logo formou seu próprio grupo de dança e até hoje Os Magrello's estão na área, fazendo do break um modo de vida. Genival se tornou o G.O.G e faz do Rap uma expressão nacional, consultório terapêutico das periferias.
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Ser candango, morador no centro político do país, era também perguntar-se, afinal, o que era aquilo? Em que se assemelhava a São Paulo ou demais capitais? O que seria essa tal de periferia? A resposta viria da política cultural. GOG conseguiu traduzir uma parte da batalha entre as elites e as favelas do entorno DF – maiores responsabilidades e mais compromisso com as melhorias sociais. E parte tentar para esclarecer como seria essa Brasília-Periferia

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“considerada pela elite o cu do mundo, está vendo ali ao lado? É o Riacho Fundo. Minha área evoluiu muito. Fica lado a lado com a Tele-Brasília, onde tenho gente amiga, muitos considerados, acampamento transformado em bairro, povo que nasceu e conviveu junto, hoje vive separado...”, “Daqui estou vendo luzes acesas, é Samambaia, vários botecos abertos, várias escolas vazias, coisas inacreditáveis acontecem à luz do dia...”, “Brasília também tem sua Rocinha, e muita gente, que pra ter o que comer em casa, tem que pegar no chão o que sobrou no lixão da CEASA...” “Preparem-se! A rodo AL, AN, fazem divisa com a Ceí, Centro de Erradicação de Invasão, criada no governo Médici. Preparem-se! Pois a área não tem nada a ver com a Disneylandia. Ceí, pra quem não sabe, é a Ceilândia! Tô em casa!...” 

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Era sua casa, então, não era apenas mais uma coisa. Não era uma invasão, uma favela, aberração estética. Não era terra de bandido, berço da fome ou pasto para o alcoolismo. Nada disso. Era casa e gente amiga. Era periferia de gente séria, preocupada em reconstruir famílias.  

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Um problema sério, muito sério, é o ócio. A falta de espaço e programas sadios para uma juventude muito pobre. A DF Zulu Breakers já entrou na maioridade, sempre se sustentando como alternativa, para quem as políticas públicas não chegam aos direitos, ficam só em deveres. Pregam a consciência social, a ocupação de espaços, lugares onde a cultura do vinil, do spray, do Rap e do B-Boying se traduz em diversão saudável. É o ponto cego, escapa aos professores, muitas vezes perdidos no caos. O hip hop é um outro código, entra fácil nas escolas, se ajeita com as igrejas, com os centros comunitários, com uma educação complementar.



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É o exemplo do B-Boy Papel, na educação de jovens no Caje (Centro de Atendimento Juvenil Especializado). É o desejo do grafiteiro Fokker, de ver erguido um centro cultural, uma ong, ver a DF Zulu Breakers bem instruída, na fita da educação. A fila anda. Logo veremos muitos desses rapazes formados e atuantes nas instituições. Falamos de jovens e sabemos de suas raivas, suas necessidades urgentes, sua fome de cultura. O mundo é violento, a política é violenta, mas ainda é assunto tabu, proibido. A tomada hip hop teve inicio nos anos 90. Foi o Peso Pesado do Rap, gravado por GOG em 1992, eram DJ Raffa e os Magrellos já na cena paulista, e X não perdoava – seu estilo pesado foi de difícil digestão para as gravadoras. A violência bate nos pobres e isso se reflete em letras violentas, espectros da barbárie

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Calça larga, um boné para o lado e diz que é hip hop. Se emocionou ao assistir os filmes: Beat Street; Obsessive Funk; Planet Bboy; Wild Style, pagou disposição pra entrar na roda, mais um tempo e já está com o microfone em punho, pegando nas latas para melhor colorir os pensamentos. Não é só isso. Tem cobrança, o povo vê tudo e são muitos que não captaram o espírito da Zulu Nation. Não adotam a seriedade e o compromisso na transformação das paisagens periféricas. O estilo HipHop é complicado, provocativo, rebelde, nada fácil de manter-se na humildade. Estilo de vida, mergulho de cabeça, fazer sem delirar com resultados imediatos, principalmente, não perder a alegria – é o recado do GOG:  

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“...Manter o visual? Estilo de vida?/ A lei de Gerson está sendo cumprida/ A lei de Gerson King Combo/ a burguesia era só assombro/ Estilo, suór, força, determinação/ Abra seu coração!/ Herança dos anos 60, 70/ que invadiu os 80 e inovou os noventa/ O supra-sumo da favela/ Sou eu, Gê Ó Gê, sou parte dela/ Vulcão em erupção que ganhou o asfalto/ a lava leva toda idéia e o estilo de assalto/ mãos pro alto!/ ninguém fica aí parado!/ União e paz podem ser praticados!/ Sonhar é o maior dom do poeta/ que consegue olhar pela janela indiscreta/ Na emoção são escritas páginas e páginas/O sonho, então, não se resume a lágrimas/ Quer saber então estimular estes atos?/ Ouça Gerson e escute o recado:/ Estilo, força, suór, determinação/ Abra seu coração!/ Estilo, suór, charme e luta social/ complemento essencial do visual...” 

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Não existem duas histórias. O HipHop é um só e está preso a suas referências. Quem sabe? - Daniel QDM poderia ter se criado sozinho? Acho que não - gang é preciso. Mora em Brasília desde 1999, não teve mês sem formar na banca do Quebra de Movimento, sua crew de break na Ceilândia. Em 2005 levou seu primeiro titulo, e em 2006 partiu dali pra eliminatória Brasil do Red Bull BC One de 2007. Levou a copa sul-americana e está aí – formado. Uniâo Bboys Crew não tem o mesmo brilho, mas a mesma garra, a mesma alegria de encarar os desafios. De quantos grupos mais poderíamos falar? As BSB.Girlz!! As meninas do DF e Entorno que fazem o mundo B.Boy girar! São muitos. Com certeza, podem olhar ao redor e contar com referências sólidas, entre seus próprios vizinhos, chegados, parentes. A DF Zulu Breakers é uma delas – nem que seja para ser enfrentada nas batalhas! Certo, B-Boy? Ficamos por aqui, beleza? 

1 braço - Poeta Xandu

Representaram !!


*- B.Boy FuzzyBoy, que atualmente não assina mais pela Zulu Breakerz, permitiu a reprodução de sua Apostila de Break! Pra conhecer e ler, Clicaê:
- Apostila Break por FuzzyBoy -


**- B.Boy FuzzyBoy diz: inclusive uma NOVA VERSÃO já foi disponibilizada no sítio dos Jovens de Expresão - é o que se faz pelo Break! Pra conhecer e ler, Clicaê:
- J.D.Expressão FuzzyBoy -


***- A Central Hip Hop produziu uma matéria MUITO MELHOR que a minha! E disponibilizaram a tod@s que se interessam pelo Break! Pra encontrar e baixar, Clicaê:
Revista Bocada Forte: Edição DF Zulu (10/06/2009 /Fabio Pereira)










Aquelas BATALHAS? Só apertar aê:



Ou vá para...

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